
Cunha levado pela PF para Curitiba. Foto Agência Brasil.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que teve o mandado cassado por seus pares, já na sessão que encerrou a vida política dele, avisava: havia no plenário 160 deputados respondendo a ações penais. Agora, preso por ordem do juiz Sérgio Moro, apresenta defesa prévia. Nega as acusações e convoca, como testemunhas da defesa, 18 figuras públicas de destaque. Entre elas: Lula, Dilma, Delcídio do Amaral e – pasmem – o próprio presidente Michel Temer, além de atuais ministros. A tática dos advogados de Cunha pode ser a de confundir o processo. Mas, na verdade, contém uma grave ameaça. O ex-deputado, que já movimentou 25 milhões de reais na Bolsa de Valores, nos últimos anos, vai se oferecer à delação premiada.
Isto é tudo que Temer e o Congresso não querem que aconteça. Uma provável delação de Cunha, se aceita pelo Ministério Público Federal, até agora seletivo contra o PT, abala os alicerces da República. Eduardo Cunha é conhecido por ser um articulador político nas sombras. Financiou campanhas, obteve dinheiro para o PMDB e outros partidos aliados, arregimentou uma massa de votos conservadores na Câmara Federal, aprovou o pedido de impeachment de Dilma e colaborou com a destruição eleitoral do PT, como ficou comprovado em outubro. Sabe de biografias e contas bancárias. Ele conhece o labirinto. Conhece muito de tudo e de todos. É tão perigoso, que o próprio MPF o teme. É uma bomba de nêutrons sobre o Planalto.

Marcelo Odebrecht está preso em Curitiba. Foto DPF/CTA.
Familiares, amigos e advogados recomendam a delação. Vai pegar cadeia por um bom tempo, mas pode reduzir as penas da mulher e de uma das filhas. Estas receberiam sentenças leves, evitando o amargor das grades. A este cenário desastroso se somam as delações de Marcelo Odebrecht e mais 50 executivos da maior construtora do país. Atingem diretamente o presidente Temer e – pela primeira vez – o tucanato. José Serra foi acusado de receber propina milionária em uma conta na Suíça. É um salve-se quem puder.
Pelo acordo de Marcelo Odebrecht com o Ministério Público, será condenado a 10 anos de prisão, dos quais cumpriria, em regime fechado, dois anos e meio. Ou seja: seria passado à prisão aberta em dezembro de 2017. Coisa inédita no país. É justamente o exemplo de Marcelo Odebrecht que baliza a delação de Eduardo Cunha.
Resta saber: a Lava-Jato é mesmo uma ação séria do judiciário brasileiro?
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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