
O novo ministro tucano. Foto de divulgação.
O tucanato perdeu de vez a vergonha de se associar ao governo de Michel Temer. Antes hesitante, apesar de ocupar quatro ministérios, agora toma assento na sala ao lado do presidente. Chega ao Planalto com a queda de Geddel Vieira Lima. No mesmo dia em que Geddel pediu demissão, por causa de um escândalo de utilização do cargo público para proteger interesses econômicos pessoais, o presidente Michel Temer se reuniu com a alta cúpula do PSDB. Ao sair do encontro, no carro de Aécio Neves, o ícone do partido, Fernando Henrique Cardoso, disse aos jornalistas que o futuro presidente do Brasil esteve naquela reunião.
Seria ele mesmo? Ou José Serra? Ou Aécio? Ou Geraldo Alckmin? Até as pedras do calçamento sabem que o governador de São Paulo está à frente da disputa interna no PSDB, depois da avassaladora vitória eleitoral que teve em seu estado, no pleito municipal de outubro passado. É o maior colégio eleitoral do país. Geraldo Alckmin está há duas décadas ligado ao governo paulista, centro da oposição contra Dilma, Lula e o PT. É, sem dúvida, o nome mais forte. Cá entre nós, descontando FHC, é o melhor deles. Mas venceria Lula, se a eleição fosse hoje? Provavelmente, não!
Com o PSDB adentrando tão fortemente o governo Temer, assumindo a Secretaria de Governo, cria-se a vitrine necessária de mídia e de repercussão política para construir a campanha presidencial de 2018. Algo parecido com o que aconteceu no governo de Itamar Franco, quando FHC foi guindado ao Ministério da Fazenda sem ser economista. Era Ministro das Relações Exteriores e estava fora do país quando Itamar o convidou para dirigir o Plano Real. Fernando Henrique disse ao então presidente: “Não entendo nada de finanças”. E Itamar retrucou: “Não tem importância, o plano econômico já está pronto, preciso apenas de um bom relações públicas”. E FHC entrou para a história como o pai do Plano Real e foi duas vezes presidente. Itamar nunca o perdoou pela omissão do nome dele na estabilização monetária do país.
Agora, Antônio Imbassahy é o ministro-chefe da Secretaria de Governo. É um político baiano, já governou o estado e foi um prefeito muito popular em Salvador. A carreira política dele está ligada a Antônio Carlos Magalhães, o famoso ACM, que por sua vez está ligada à ditadura militar. Engenheiro elétrico, Imbassahy tornou-se uma figurinha carimbada no tucanato. Poderia ter-se encaminhado para o PP ou para o DEM, filhotes legítimos da ditadura, sucessores do PDS e da Arena. Preferiu a social democracia tucana, onde conquistou muitos espaços políticos. Será o mais importante cabo eleitoral do candidato do PSDB à presidência. Até porque a Bahia está entre os cinco maiores colégios eleitorais do país.
Como observador avulso da cena política, acho que foi uma jogada de mestre. Michel Temer não pode ser candidato em 2018: está na “ficha suja”, condenado em segunda instância por crime eleitoral. O PSDB é mesmo a melhor escolha para destruir de vez o PT, após quatro eleições fracassadas pelos tucanos. Mas, se a eleição fosse hoje, Lula bateria Geraldo Alckmin? Os institutos de pesquisa, como o Datafolha e o Ibope, dizem que Lula é o nome mais citado espontaneamente pelos entrevistados. Curioso: pararam de fazer essas pesquisas, talvez porque não caíssem bem no conturbado quadro político brasileiro. A grande mídia, aliada do grande capital, é assim mesmo: publica o que quer e quando quer. O interesse público?
Bem, depois falamos sobre isso…