STF aceita humilhação e mantém Renan Calheiros no cargo de presidente do Senado. Por mais uma semana. A medida visa assegurar a votação da PEC dos gastos públicos, prevista para o dia 13.

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O Supremo Tribunal Federal. Foto da Agência Brasil.

 

                                   Errei feio, no post anterior, quando afirmei que o Supremo Tribunal Federal (STF) reagiria contra a posição inédita de Renan Calheiros, que se recusou a aceitar uma ordem da mais alta corte do país. Pior: Renan foi apoiado pela mesa diretora da casa legislativa, desmoralizando a corte de justiça. Por 6 votos a 3, o senador foi impedido de constar na lista de sucessão presidencial, porque é réu em ação criminal por corrupção, mas se manteve no cargo. Eduardo Cunha, preso em Curitiba, deve estar pensando: por que foi diferente comigo? Não há uma resposta coerente para tal indagação.

                                   Aparentemente, o STF aceitou o jogo político, apesar dos rebuscados discursos sobre jurisprudência. A permanência de Calheiros por mais uns dias, já que o mandato dele acaba em fevereiro e há um recesso parlamentar no   meio do caminho, atende aos reclamos do governo Temer para aprovar o teto dos gastos públicos, que penaliza a sociedade. E também tem a ver com a recepção pelo Congresso da reforma da previdência, que retira direitos históricos dos trabalhadores. Se Renan fosse defenestrado, com razão, a presidência do Senado cairia no colo do senador Jorge Vianna, do PT do Acre, que poderia criar embaraços ao projeto de Temer. Mais grave: devolveria ao PT um certo protagonismo político. Coisa – é claro – inaceitável pela nova ordem.

                                   Impressiona, no entanto, a decisão do STF. Ela contradiz o raciocínio jurídico empregado no caso de Eduardo Cunha, cassado na Câmara. E dá a ele argumentos para recorrer. Creio que, como forma de barganha, o judiciário deve receber um prêmio pela decisão: o afastamento do projeto de lei do abuso de autoridade, que atinge frontalmente a Lava-Jato, promotores e juízes. É o toma-lá-dá-cá que caracteriza a política no Patropi.  

                                   Quem viver, verá!            

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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