Morte de Teori Zavascki complica a Lava-Jato e facilita a vida de réus e suspeitos de corrupção no Brasil. O ministro do STF era o relator da devassa e estava encarregado de homologar a “delação do fim do mundo”: 77 executivos da Odebrecht podem pôr na cadeia metade do Parlamento. Podem até derrubar o governo Temer.  

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O ministro Teori, do STF. Imagem da TV Justiça.

                                   Um pequeno avião de um grupo hoteleiro mundial decolou do Campo de Marte, centro de São Paulo, levando a bordo um peso pesado do judiciário brasileiro, o ministro Teori Zavascki, da Suprema Corte. Foi à uma da tarde desta quinta-feira (19 jan). Levaria o magistrado até um resort, em Paraty. Teori estava de férias, pretendia curtir uns dias de sol na Costa Verde do Rio. Decolou sob chuva intensa e chegou debaixo de uma tempestade. O turbo hélice caiu no mar, a dois quilômetros do destino.

                                   Com Teori, cai a esperança de que a Lava Jato pudesse avançar já em fevereiro, quando acaba o recesso da justiça. A morte do ministro, responsável pelos inquéritos contra políticos corruptos e também responsável pelas delações premiadas da Odebrecht, que envolvem mais da metade do legislativo e parte do executivo, parece coisa de cinema. Tanto que a entidade que representa os magistrados do país pediu a abertura de inquérito para apurar as causas do acidente, ainda hoje. Atentado? Bomba a bordo? Sabotagem? As teorias da conspiração povoam a Web. As redes sociais se perguntam: a Lava Jato acabou?

                                   Fora o clima conspiratório, vamos analisar algumas questões: o novo relator da Lava Jato deve ser indicado por sorteio, entre os 10 ministros restantes do STF; pode ser que a turma de ministros à qual pertencia Teori Zavaski, se não me engano a 2ª, decida quem vai assumir a função do falecido; e também pode ser que a presidente da corte, Carmem Lúcia, prefira esperar a indicação de um novo ministro pelo presidente da República, atualmente Michel Temer. Nesta última hipótese, vai durar meses, talvez todo o ano de 2017. A experiência de quem acompanha o STF, como eu, aponta para o sorteio. No processo do “mensalão”, só havia 10 ministros no STF. Se Carmem Lúcia agir da mesma forma, o que é provável, um novo relator da Lava Jato será indicado por sorteio. Mesmo assim, haverá um considerável atraso nas investigações de corrupção.

                                   Isto é: os acusados serão beneficiados.       

  

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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  1. José Antônio Severo disse:

    Amorim: na minha opinião “abalizada” de ex-piloto de teco-teco, votaria como causa num erro humano do piloto. Desorientação espacial, chama-se essa “barbeiragem” (manicaca, na língua dos aviadores). O piloto fazia a curva em baixa altitude e velocidade reduzida para tomar a reta final do pouso. Perdeu a mão e o avião estolou a baixa altura, caindo como uma pedra ao perder sustentação. Igual ao acidente que matou Eduardo Campos. Isto ocorre com pilotos muito confiantes. Sabes qual a primeira lição quando um aluno chega a um aeroclube? “Aqui, errou morreu”, diz o instrutor como lição para a vida inteira no comando de um aeroplano. O cara era muito experiente, conhecia aquela rota e aquele aeroporto como a palma da mão. Porém, caiu no preceito: errou morreu. O que não impedirá a todas as teorias “conspírativas”. Acho que ele falou quando tentava pegar a perna do vento para chegar à cabeceira da pista na menor velocidade possível (devia ventar muito devido às condições meteorológicas). Esse acidente se chama de “queda em faca”. Ele entra de asa no chão (na água, neste caso), como no caso do Marcos Freire, quando o avião da FAB fez a curva antes do tempo e perdeu a sustentação. Deu para entender meu raciocínio? Abraço

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