Governo Temer está derretendo. Em apenas dez meses, 8 ministros caíram. Todos levando consigo algum tipo de suspeita. Os dois últimos, José Serra e Eliseu Padilha, alegaram motivos de saúde. Ambos são investigados na Lava-Jato. Em Miami, polícia prende dois operadores financeiros do PMDB.  

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Serra e Temer. Mais baixas no governo. Imagem do portal IG.

 

                                   A polícia americana prendeu hoje (24 fev), no aeroporto de Miami, dois operadores financeiros do PMDB, foragidos da Lava-Jato. Jorge e Bruno Luz, pai e filho, acusados de manipular 40 milhões de reais para políticos do partido de Michel Temer, estavam na lista de procurados pela Interpol. Já foram deportados para o Brasil, onde chegam neste sábado de carnaval. Eles têm muito a revelar para o juiz Sérgio Moro. E devem produzir mais um rombo na já precária imagem pública do governo, porque certamente vão delatar seus associados no Planalto. Vão delatar para fugir de longas penas de prisão.

                                   Temer, cuja assunção ao poder foi classificada pela mídia independente como “traíra” e “golpista”, amarga mais essa derrota. A delação premiada dos doleiros presos em Miami abre novas janelas de investigação de um governo cujos principais colaboradores são acusados (ou suspeitos) de uma lista inenarrável de crimes políticos e eleitorais. Muitos deles são tidos como envolvidos em organizações criminosas, corrupção, lavagem de dinheiro, crimes fiscais e mais uma série de bandalheiras que não me cabe descrever.

                                   Hoje mesmo a justiça suíça bloqueou contas bancárias milionárias em nome do filho do senador Édson Lobão, presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que teve papel decisivo na aprovação do nome de Alexandre de Moraes para a Suprema Corte do país. É mais um colaborador de Temer mortalmente atingido. Se não bastasse, a semana registra ainda duas novas baixas no governo. Dois ministros pediram para sair: José Serra (PSDB-SP), das Relações Exteriores, e Eliseu Padilha (PMDB-RS), da Casa Civil, alegando problemas de saúde. Serra teria sido   submetido a uma cirurgia de coluna. Padilha iria se submeter a uma cirurgia de câncer de próstata. Ou seja: perdas irreparáveis.

                                   Temer, com menos 8 ministros, quase um terço dos ministérios, se torna cada vez mais refém do Congresso, onde uma maioria ultraconservadora aprova medidas impopulares. Quer se apoiar no PSDB, que empresta a ele uma imagem de governo progressista. Ou reformista.  Para o lugar de Serra está previsto o senador Antônio Anastasia, ex-governador de Minas, apoiador de Aécio Neves. A crise política deve continuar, porque quase todos eles são alvos da Lava-Jato. Anastasia ainda não foi citado, mas não perde por esperar.

                                   Resumidamente, a questão é a seguinte: Temer afunda. Seus colaboradores mais próximos são (ou serão) acusados de crimes. Como chegar a 2018?    

      

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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Uma resposta para Governo Temer está derretendo. Em apenas dez meses, 8 ministros caíram. Todos levando consigo algum tipo de suspeita. Os dois últimos, José Serra e Eliseu Padilha, alegaram motivos de saúde. Ambos são investigados na Lava-Jato. Em Miami, polícia prende dois operadores financeiros do PMDB.  

  1. Diana Barros disse:

    Temer é só o resto dessa coligação nojenta q roubou o Brasil! Grande lava a jato! Que a limpeza continue! Grande abraço

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