Terror mata 4 e fere 26 no centro de Londres. Ataque de “lobo solitário” mostra fragilidade da Europa face ao terrorismo.

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Atendado no centro de Londres. Imagem RTP.

                                    Um homem, utilizando um veículo, atropela 26 pessoas em frente ao parlamento britânico e mata policial a facadas. Uma mulher foi lançada ao rio Tâmisa, com a força do impacto. Após os atropelamentos, que mataram duas pessoas, o terrorista desceu do carro e atacou um policial a facadas. O agente morreu no hospital e o criminoso foi fuzilado pelas forças de segurança. O número de mortos pode aumentar, porque há feridos graves. O incidente provocou pânico no centro de Londres.

                                   O episódio, típico da ação de um “lobo solitário”, revela a fragilidade da segurança europeia face ao terrorismo islâmico. Apesar de toda a mobilização militar, do patrulhamento de pontos turísticos e prédios públicos com força armada, mais o emprego de milhares de agentes de informação, os países do bloco não conseguem evitar a surpresa causada pela atuação determinada de terroristas isolados. Um único homem, dispondo apenas de um veículo e uma faca de cozinha, paralisou uma das maiores metrópoles do mundo.

                                   Por definição, o “lobo solitário” é um indivíduo que se identifica com a ideologia extremista. Mas não é alguém necessariamente ligado a organizações terroristas. Por isso é tão difícil adotar medidas eficientes contra ele. Pode ser alguém com histórico de distúrbios mentais ou emocionais, certamente uma pessoa que guarda fortes ressentimentos contra o establishment. Isto amplia a lista de suspeitos para centenas de milhares de pessoas em um único país. É quase impossível definir uma política de segurança nesse caso. Após o ataque de um terrorista dirigindo um caminhão em Nice, na França, onde matou 84 pessoas e feriu 200, a técnica do atropelamento em massa se tornou a favorita desses criminosos.

                                   Quase toda a ação dos “lobos solitários” é inspirada pelo ISIS (ou Daesh ou Estado Islâmico). Após o 11 de Setembro – e as guerras no Iraque e Afeganistão -, somando-se a isso a morte de Osama Bin Laden, o extremismo islâmico se concentrou no chamado “Califado do Levante”. O grupo concentra todo o ódio contra a civilização ocidental, estimulando radicais de todos os cantos do planeta. O ISIS dominou técnicas de comunicação no mundo virtual. E foi o único até hoje a empregar eficientemente o marketing da informação televisiva. Promoveu massacres e decapitações para captar a atenção das câmeras internacionais. E com isso estimula uma legião de fanáticos nos quatro cantos do mundo.

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Unabomber. O “lobo solitário” americano mais famosos. Retrato falado do FBI.

                                   A experiência mais antiga desse tipo de “lobo solitário” é a do “Unabomber”, um terrorista americano que utilizava os correios para praticar atentados. Durante anos, Theodore Kaczynsky, nascido em Chicago, praticou atentados aleatórios, contra alvos improváveis. Não tinha uma ideologia definida, vivia em uma cabana no meio do mato, não podia ser rastreado. Para os investigadores, que se concentram em motivos e gravações telefônicas, o “Unabomber” foi um mistério por mais de uma década. Não tinha telefone, não via TV, não se relacionava com ninguém. A investigação consumiu boa parte dos recursos do FBI. O “Unabomber” era matemático e filósofo. Foi professor na Universidade de Harvard. Acreditava na criação de uma sociedade tecnológica que resolveria os problemas básicos da humanidade, como a fome e as desigualdades. A cabana onde vivia, com apenas 12 metros quadrados, virou peça de colecionador. Foi preso por uma denúncia anônima.

                                    Para entender os motivos e as razões dos “lobos solitários” modernos, as forças de segurança deveriam estudar a história de Theodore Kaczynsky.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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