Enquanto Temer, Lula e FHC se articulam para tentar sobreviver a 2018, políticos acusados na Lava Jato se movem na direção de uma ampla coligação com o petista. Lula seria a “única alternativa política” para enfrentar a devassa. Cresce a inquietação no meio militar e tem muita gente uniformizada pensando em intervir.

Temer, lula e fhc

Uma articulação improvável em curso?

 

                                   Este site errou, posts atrás, quando afirmou que a delação premiada da Odebrecht atingiria 300 políticos, empresários, atravessadores e funcionários de alto estalão. Na verdade, as confissões dos crimes da empreiteira já citam 415 beneficiários da corrupção, tanto em Brasília, quanto em outros 12 estados da Federação. É a debacle total do sistema político brasileiro. Ao todo, a bandalheira envolveria 26 dos 32 partidos políticos existentes. E a Odebrecht já confessou ter pago 10 bilhões de reais em propinas e caixa 2 de campanhas, que é também uma forma indireta de suborno.

                                   Durante a última semana e os feriados santos, ocorreu uma ampla articulação política destinada a frear a Lava Jato. Reúne no mesmo saco o presidente Temer e os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique. Ou seja: uma coligação de forças que atende pelos nomes de PMDB, PT, PSDB, DEM, PPS e PP – pelo menos esses. E que conta com aprovação tácita da imensa maioria dos congressistas, quase todos acusados de crimes graves. Lula, campeão de audiência nas pesquisas eleitorais recentes, por sua popularidade e estatura política, seria o centro das atenções. Só ele seria capaz de fazer frente à caça às bruxas promovida pela polícia e pelo judiciário – e ainda por cima vencer as eleições de 2018. Os adversários Ciro Gomes, Marina Silva e o ultradireitista Jair Bolsonaro seriam destroçados nas urnas.  

                                   Tal confabulo pretende a rápida aprovação de leis, travestidas de reforma política, visando a manutenção do foro especial para executivos e parlamentares, que poderia ser estendido a ex-presidentes, além da descriminalização do caixa 2, que esvaziaria a maior parte das acusações na Lava Jato. Só uma amplíssima coalisão política, apelidada de grande pacto nacional, conseguiria uma tal proeza. Como a Justiça é muito lenta, há tempo de sobra para que o plano prospere. E como não há povo nas ruas, a coisa fica mais fácil. A coluna Painel, da Folha de S. Paulo, diz que isto é resultado do “efeito dominó” produzido pela devassa. Levou todo mundo de roldão. O cronista político Elio Gaspari informa que tal entendimento “beira a formação de quadrilha”. O modesto autor que vos fala sempre disse que o crime organizado pretende a tomada do poder. Exagero?

general augusto heleno 01

O general Augusto Heleno.

                                   Em Brasília há fortes rumores de que a delação da Odebrecht também atingirá de frente o judiciário, envolvendo juízes, desembargadores e ministros das altas cortes. E cresce a inquietação no meio militar. O general Villas-Bôas, comandante-em-chefe do Exército, declarou recentemente: tentar deter a Lava Jato pode produzir uma intervenção das Forças Armadas, conforme entrevista ao jornal Valor Econômico. Agora o general Augusto Heleno, ex-comandante militar da Amazônia e ex-comandante das forças de paz da ONU no Haiti, teria publicado na Web: “Vamos fechar o Congresso; não existe mais democracia no país”, conforme a página do general Paulo Chagas no Facebook.

                                   As fontes em uniforme deste modesto autor comentam que a intervenção não seria para inaugurar uma nova ditadura no país. Seria para deter a equipe ilegítima de Michel Temer, inclusive impedindo Rodrigo Maia (Câmara) e Eunício de Oliveira (Senado), e dar posse à ministra Carmem Lúcia, do STF, com a missão de convocar eleições diretas. Os militares acham que o Brasil de hoje é muito diferente e muito mais complexo do que em 1964. Quando o regime militar foi instaurado, o general-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco também declarou que convocaria eleições gerais em 1965. Não aconteceu. E o país mergulhou em 21 anos de escuridão.

                                   Lá, naquela época esquecida, segundo os militares, a ameaça era o comunismo em plena Guerra Fria. Agora eles acham que a ameaça é a perda dos princípios éticos e morais, além de que o país está desgovernado e tomado por uma chusma de bandidos. E às vésperas de uma convulsão social. Com ou sem intervenção militar.

                                   Como os leitores do site estão carecas de saber, sou um autor independente. Não tenho filiação partidária, não sou patrocinado por ninguém. Não recebo pixulecos. Apresento um leque de opiniões, algumas divergentes, poucas convergentes. Aqui no site, que trata de temas como violência urbana, crime organizado e terrorismo, há um fórum relacionado à segurança pública e ao reaparelhamento das Forças Armadas, reunindo milhares de representantes do setor. Assim obtenho opiniões e informação de gente uniformizada. Coloco nesse artigo a opinião dos militares porque ela é agora uma peça importante no tabuleiro político do país.

                                   A equipe do site não apoia nenhum tipo de rompimento da ordem institucional. Somos a favor da convocação de eleições diretas e de uma nova constituinte para resolver os dramas do país. O resto é bobagem!                

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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