
Temer diz que não renuncia. Mas Gedel caiu. As mesmas acusações. Foto Agência Brasil.
O escândalo da delação do empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, a segunda maior empresa do país em faturamento (170 bilhões de reais/ano), parece ser a pá de cal no governo Temer. Pela primeira vez na história, um mandatário da Republica é apanhado em flagrante delito. Temer recebeu, em março, no Palácio do Jaburu, residência oficial do governo (ele e Marcela não gostaram do Alvorada), um tubarão do ramo de processamento de carnes. Joesley chegou lá tarde da noite – e travou com o presidente um diálogo de meia hora, como se fossem amigos. Ao longo da conversa, toda gravada, percebe-se que era uma intimidade cúmplice.
O empresário, conhecido como “o açougueiro”, disse que estava pagando todo mês a Eduardo Cunha e a Lúcio Funaro, dois prisioneiros da Lava Jato, em troca de silêncio. Temer disse que isso precisava continuar. Depois Joesley contou que tinha problemas com o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários). São agências federais destinadas a regular boa parte da economia do país. Temer indicou um deputado federal de sua confiança para tratar do tema. O nome dele é Rodrigo da Rocha Loures (PMDB-PR), investigado na Lava Jato. Na delação premiada, o dono da Friboi afirmou: deste encontro, indicado por Temer, resultou um acordo para o pagamento de 480 milhões de reais em propinas, a um custo de 2 milhões de reais por mês para o grande açougue de batista, durante 20 anos. Desde que os problemas com o CADE e a CVM pudessem ser resolvidos.
Esta é a principal acusação contra Michel Temer. O problema de Funaro e Eduardo Cunha é fichinha. Curioso: a grande mídia evitou cautelosamente explorar a matéria. Talvez porque as empresas públicas, como a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica sejam os maiores anunciantes do setor. Só que tal acusação da PGR é a mais grave contra Michel Temer, que fez pronunciamento em tom agressivo dizendo que não iria renunciar. A abertura de processo criminal contra o presidente, aprovada pelo STF, considera os crimes de corrupção, obstrução da justiça e organização criminosa. Mas a mídia se concentra no caso de Eduardo Cunha, a menor das acusações. Por que?
Além do mais, a Lava Jato também deu um tiro no peito de Aécio Neves. Derrotado por Dilma Rousseff em 2014, por apenas 3,27% dos votos válido, Aécio era o ícone das elites e da classe média. Bom moço, bonitinho, neto de Tancredo Neves, também ele foi destroçado pela Lava Jato. A delação do dono da Friboi, gravada, revela um Aécio pedindo dinheiro para se defender das acusações: a bagatela de 2 milhões de reais. E revela uma conversa chula, recheada de palavrões. Parece um bandido vulgar. Para receber os 2 milhões, disse que precisava de um mensageiro confiável, “alguém que a gente mata antes de delatar”.
Aécio indicou seu próprio primo, Fred, que acabou em cana ao ser filmado recebendo quatro mochilas de 500 mil reais. E a Polícia Federal também prendeu a irmã de Aécio, Andrea Neves, que negociou com Joesley Batista uma propina de 40 milhões de reais para comprar um apartamento para a mãe no Rio de Janeiro. Qual a moeda de troca: a indicação de um diretor para a Vale do Rio Doce.
Aécio teria dito que poderia garantir a indicação. E o resto é bobagem!
Pingback: O LADO ESCURO DA LUA
http://exame.abril.com.br/brasil/em-agenda-nesta-sexta-temer-recebe-solidariedade-de-militares/
CurtirCurtir