
Temer e Marcela. Caso perdido ?
Já não há dúvidas de que o governo de Michel Temer, iniciado há pouco mais de um ano, após a derrubada de Dilma Rousseff, vai até o fim. Há um gigantesco complô para que o presidente complete a sua obra: só um mandatário tão impopular poderia realizar reformas estruturais tão impopulares e contra o interesse da imensa maioria das pessoas. Ele não tem nada a perder. Pela lógica mais simples, já teria caído. Como governo de transição, ao invés de apontar para a consulta ao eleitor, montou um aparato de amigos, quase todos tão suspeitos quanto ele. Nos primeiros oito meses no Planalto, perdeu oito dos seus assessores mais próximos, envolvidos com escândalos. Mantém sete ministros investigados por corrupção. E faz de conta que está tudo bem.
Por que Temer tem tanta certeza de que vai prosseguir?
Fácil. Em torno dele existe uma articulação política que envolve o grande capital, o patronato, a banca, a parte podre do Congresso e um segmento do judiciário. Nenhuma das acusações vai vingar, porque ele tem maioria para barrar as tentativas de abrir processos criminais ou de impedimento parlamentar. Os 13 pedidos de impeachment contam com Rodrigo Maia (DEM-RJ), afiliado político do presidente, que vai rejeitar (ou enrolar) todos eles. O pedido de impugnação da chapa eleitoral Dilma-Temer, a mais corrupta da história do país, foi barrada por 4 votos a 3 no TSE. A corte eleitoral jogou fora todas as provas que incriminavam Temer. Foi a decisão mais política – e menos técnica – da história do tribunal. A denúncia de crime organizado, corrupção e lavagem de dinheiro, que a Procuradoria Geral da República vai apresentar na semana que vem, será barrada pela maioria de Temer na Câmara dos Deputados. Dizem que o presidente terá 300 votos contra a medida.
Isto quer dizer o seguinte: Temer tinha duas tarefas principais: barrar as investigações contra os políticos e aprovar as “reformas” trabalhista e previdenciária. Todas as duas contra o populacho em geral. As reformas tributárias e políticas nem entraram na pauta do Congresso. O STF mandou afastar Renan Calheiros da chefia do Senado, em despacho do ministro Marco Aurélio de Mello. Ficou por isso mesmo. O STF mandou afastar Aécio Neves das funções parlamentares. O Senado ignorou. Só quando houve uma grita da mídia, o nome do senador mineiro foi apagado do painel de votações. Mas a tentativa de processar o presidente do PDDB será barrada.
O resultado de tamanha articulação é que Michel Temer vai até o fim, arrastando os seus destroços. A resposta será nas urnas de 2018.
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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