A matéria é do dia 12 de março de 2016. As informações, que apurei com fonte em uniforme, nunca foram questionadas. Muito menos desmentidas. Não houve notas oficiais de nenhuma das partes envolvidas: o judiciário, a Aeronáutica, o PT ou a Polícia Federal. A crise política brasileira tem acirrado o interesse do público virtual, talvez porque vivamos sob um governo chamado de ilegítimo e enxovalhado por centenas de acusação graves. As mídias alternativas brasileiras estão se transformando em importante massa crítica. Há entre os leitores uma sensação de que os grandes jornais, a televisão e o rádio servem a interesses políticos e comerciais. Daí a importância de meios de informação independentes, como este site. Aqui praticamos um jornalismo pluralista e apartidário. Com o impedimento da presidente Dilma Rousseff, defendemos a convocação de eleições gerais. Com as acusações contra Temer, defendemos a renúncia dele.
Aproveitamos o interesse para republicar, abaixo, o artigo em questão.
O mistério, cuidadosamente evitado pela grande mídia, cerca o noticiário em torno da detenção do ex-presidente Lula. Na sexta-feira 4 de março, quando ele foi levado de sua casa, em São Bernardo do Campo, para o Aeroporto de Congonhas, sob custódia da Polícia Federal e com mandado de condução expedido pelo juiz Sérgio Moro, o plano era embarcar o petista em um jatinho dos federais e levá-lo a Curitiba? Uma espécie de sequestro? Até agora – uma semana mais tarde – ninguém sabe explicar que aconteceu.
Entre os grandes jornais do país, aparentemente só a Folha de S. Paulo tocou no assunto. Foi na coluna de Jânio de Freitas, com o título de “O plano obscuro” (edição online de 10 de março). Parece incrível que algo assim, se de fato aconteceu, tenha escapado às primeiras páginas e aos telejornais. Nas redes sociais e na blogosfera pululam as informações a respeito desse episódio misterioso. O que de fato teria acontecido?
Com base no texto da Folha e no noticiário da Web, reconstituo o que teria ocorrido:
Depois de Lula ser apanhado em casa, os agentes da PF percorreram de carro os 25 quilômetros entre São Bernardo do Campo e o Aeroporto de Congonhas, onde um jatinho esperava o grupo na área destinada a autoridades. Eram mais de 10 policiais e procuradores. Alguns dizem que eram mais de 20, incluindo uma força de operações especiais uniformizada e fortemente armada. Todo esse pessoal, levando o ex-presidente, se dirigiu à área reservada do aeroporto, considerada zona militar por questões de segurança. Uma área controlada pela Aeronáutica. Os militares estranharam a movimentação de gente armada e bloquearam a passagem dos agentes. O coronel comandante da base, cujo nome não foi revelado, foi chamado às pressas. Todo o efetivo da Aeronáutica em Congonhas foi mobilizado.
Ao saber que os federais estavam conduzindo um ex-presidente da República, quis saber onde estava o mandado de prisão e o plano de voo do jatinho. Não havia nenhum dos dois. Resultado: cercou com tropa armada os policiais e promotores federais e mandou bloquear a pista. O coronel teria avisado a administração de Congonhas que estava assumindo, naquele momento, o controle do aeroporto. Também teria comunicado ao grupo que detinha Lula: “Vocês sabem o que estão fazendo com um ex-presidente? Daqui vocês não passam!”.
Impedidos pelo comandante da base, os homens da Lava-Jato não tiveram alternativa: interrogaram Lula ali mesmo, numa sala VIP (durante três horas) e o libertaram a seguir. No entanto, a Aeronáutica não confirma essa versão dos fatos. Mas também não desmente. A PF e os promotores também não. E o próprio Lula não citou o episódio na coletiva que deu após ser libertado. Houve um acordo? Por que Lula foi levado ao aeroporto e não à sede da PF, no bairro paulista da Lapa? E o juiz Sérgio Moro, disse alguma coisa? Não.
Ao que tudo indica, o episódio vai ficar para os historiadores. Talvez daqui a dez anos se saiba o que de fato aconteceu naquela manhã de sexta-feira.
Carlos Amorim: seria interessante resgatar o nome do comandante da guarnição de Congonhas pafa quefique registrado para a HIstória. De certa forma, essa ação reproduz a atitude do então coronel hoje reconhecido com Brigadeiro Faria LIma (o mesmo que foi prefeito de São Paulo e dá nome a uma de suas principais avenidas), comandante da Base Aérea de Cumbica, que, em 1961, deu garantias e segurança ao presidente renunciantge, Jânio Quadros. Com isto Faria Lima inscreveu seu nome na HIstória do Brasil.
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