O metalúrgico nordestino Luís Inácio Lula da Silva, duas vezes presidente do Brasil, está diante de um dilema. Se for condenado em segunda instância, pelo Tribunal Federal Regional de Porto Alegre, que revê as decisões do juiz Sérgio Moro, será impedido de concorrer mais uma vez à presidência da República. Contra ele estão três desembargadores. O relator do processo, ao que tudo indica, já votou contra Lula. Faltam dois. Provavelmente, a decisão será contrária ao ex-presidente. É aí que entra em cena o Supremo Tribunal Federal (STF).
A Suprema Corte tem uma tendência de rever posição anterior, que determina a prisão de condenados em tribunais colegiados (segunda instância) e a cassação de direitos políticos. Mesmo que Lula seja condenado pelo TRF-4, de Porto Alegre, no dia 24 de janeiro, coisa provável, o STF pode muda as regras do jogo. Ao afirmar que os condenados têm o direito de recorrer às supremas cortes, continuam candidatos. Até o trânsito em julgado. Ou seja: às últimas instâncias do judiciário. E se Lula for eleito, será muito difícil impedir que assuma o cargo.
Evidentemente, ato de tal natureza pressupõe um acordão nacional, de modo a desmontar o chamado “esquema golpista” de Temer e garantir a posse do presidente eleito. Isto, no entanto, pode resultar na liberação de presos da operação Lava Jato, como Eduardo Cunha e os Gedel da vida. Além de Maluf. Vale o preço? Pode significar o fim da própria Lava Jato. De todo modo, Lula é o candidato mais popular, disparado nas pesquisas. E promete o tal “plebiscito revogatório”, para anular as reformas de Temer, que visam favorecer o patronato e o grande capital.
Na pauta do acordo podem estar propostas de continuar com as reformas trabalhista, fiscal e da previdência. Mas, sob Lula, teriam um novo caráter: incluir os trabalhadores na discussão. Este, aliás, foi um dos pecados capitais de Lula, Dilma e do PT. Por que não fizeram as reformas necessárias ao país em 13 anos de governo? Agora, com acusações de crimes e sob a pressão da história, precisam voltar aos seus princípios. Por que não fizeram antes?
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
Esse post foi publicado em
Politica e sociedade. Bookmark o
link permanente.