TRF-4 pode adiar o julgamento de Lula, marcado para o dia 24. A medida serviria para reduzir a enorme mobilização de apoio ao ex-presidente. Não só em Porto Alegre, mas em todo o país.

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Thompson Flores, presidente do TRF-4. Foto do portal O Sul;

                     Na semana passada, o presidente do TRF-4, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, já havia anunciado que Lula não seria preso no dia 24, ainda que a sentença de nove anos de prisão seja confirmada pelo tribunal federal de segunda instância. Esta já tinha sido a primeira tentativa de desmobilizar o movimento de apoio a Lula. Não funcionou. O movimento só fez crescer. Agora o judiciário gaúcho e as autoridades de segurança do Rio Grande do Sul temem que ocorra um conflito de consequência imprevisíveis em Porto Alegre. O Planalto também vê com grande preocupação o que pode acontecer no dia 24. O receio é que se transforme em um Dia Nacional e Protesto contra Temer.

                      A ideia de adiar o julgamento do ex-presidente tem pontos negativos e positivos para todos os envolvidos. Vamos ver:

1.         A defesa de Lula ganha tempo, apresentando pedidos à corte que levem a decisão final para depois das eleições de outubro. Aliás, pegou muito mal para o TRF-4 ter colocado o processo de Lula à frente de todos os demais. No ambiente jurídico isso foi visto como uma atitude “politizada” do tribunal.

2.         O adiamento do julgamento, com certeza, esvazia o movimento de apoio a Lula. Mas, para impedir a candidatura petista, a decisão de condená-lo teria que sair antes da vigência da lei eleitoral. Isso, por outro lado, daria ao PT e à Frente Brasil Popular mais tempo para continuar a mobilização. Na verdade, o que está acontecendo é o início da campanha presidencial de esquerda.

3.         O tamanho do movimento parece ter encolhido as demais candidaturas. O PSDB está em silêncio. Ciro e Marina também. Só Luciano Huck (diz não ser candidato) e Bolsonaro fazem algum barulho. O adiamento do julgamento empresta ao PT e à FBP uma sensação de vitória, o que pode impulsionar ainda mais a mobilização de esquerda.

4.         Por outro lado, insistir em decidir o impedimento da candidatura Lula no dia 24 pode mesmo resultar em enfrentamentos graves. Além dos apoiadores do ex-presidente, há movimentos de direita e até os black blocs estão se preparando para entrar em ação.    

Recentemente, em entrevista a O Estado de S. Paulo, o presidente do Tribunal de Justiça paulista, desembargador Manoel de Queiroz Pereira, disse que não vai haver o julgamento de Lula no dia 24. O desembargador destacou se tratar de “uma opinião pessoal”, mas não teria dito isso se não tivesse razão. Ou seja: parece que Lula vai continuar candidato. Seus apoiadores pretendem iniciar protestos, passeatas e ocupações já no dia 22 desse mês.                      

 

 

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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