
Lula e Marisa nos tempos da barra pesada. Imagem arquivo pessoal. Mesmo preso, Lula continua na frente.
O quadro eleitoral é dramático. Com o político mais popular do país atrás das grades, há uma barafunda geral e todos os prováveis competidores estão abaixo dos 20% de intenções de voto que lhes dariam alguma segurança. Pior: o número de eleitores que dizem não ter nenhum candidato chega a 34%. A recente pesquisa do Datafolha mostra que o eleitor está, além de perplexo, revoltado. É um cenário preocupante e perigoso.
Só para esclarecer: na semana passada, tivemos eleições para governador em Tocantins, porque governador e vice foram cassados pela Justiça Eleitora. Abuso de poder econômico. Veja bem, leitor: 49% dos eleitores registrados não compareceram às urnas – ou votaram nulo ou em branco. Um desastre. Por pouco (2%) o pleito teria sido anulado. Os observadores da cena política brasileira esperam para este ano uma abstenção recorde na votação para presidente. Isto amplifica a confusão. E pode beneficiar aproveitadores de ocasião.

O PSDB, destruído por denúncias ,abre caminho para os radicais. Foto portal IstoÉ.
O tabuleiro eleitoral é tão perigoso, que podemos eleger Jair Messias Bolsonaro. É um militar da linha dura, com vários episódios de homofobia, que acredita mais em repressão do que em desenvolvimento. Chegou a dizer que bombardearia a Rocinha com helicópteros e foguetes. Ou pode ser Marina Silva, evangélica fundamentalista, contrária ao aborto, à pesquisa com células tronco embrionárias e coisas do gênero. Usa os cabelos puxados para trás e saias até os pés. Segue orientação do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus. Ela já trocou de partido quatro vezes nos últimos tempos. Ninguém sabe o que pensa.
E Ciro Gomes? É um socialista. Tem fortes compromissos sociais. Seria uma opção de união das esquerdas. Mas, historicamente, a esquerda brasileira se revelou incapaz de agendas comuns. É dividida por dogmas e pouca inteligência política. A pesquisa do Datafolha indica, inclusive, que Lula poderia transferia grande capital eleitoral para um candidato de união. Mas Lula e PT insistem em uma candidatura suicida. Dessa cartola não sai nenhum coelho. Nunca saiu.
Falta analisar a campanha do PSDB. Os tucanos preferiram ficar no desgoverno Temer. Bombardeados por denúncias de corrupção, que destruíram Aécio Neves, insistiram em se associar ao MDB, em troca de tempo de televisão na campanha eleitoral. Na verdade, se juntaram a um grupo político que a justiça classificou como organização criminosa. A pesquisa Datafolha informa que Michel Temer é o presidente pior avaliado na história da República. Pior do que Jânio Quadros, que renunciou em 1961. Por que gente tão ilustrada quanto Fernando Henrique Cardoso se reuniu ao bando do Planalto, erguido por um golpe parlamentar movido pelo “centrão”?
Parece que o PSDB e seus aliados, o PPS e o DEM, acreditaram que a destruição do PT, por si só, garantiria a vitória eleitoral. Ledo engano. O povo tomou ódio e nojo dos políticos, incluindo esses da socialdemocracia, que ninguém sabe o que significa. O candidato oficial do PSDB ao pleito de outubro é só um tucano a mais. Não fala a língua rude do povo. Não tem projetos populares. Geraldo Alckmin amarga a pior avaliação de seu partido.
Resta imaginar que o leitor compareça às urnas. Única forma de mudar tudo isso sem mais violência.