Datafolha: mesmo preso, Lula lidera a pesquisa eleitoral com 30%. Sem o operário nordestino (e sem o PT), Bolsonaro está na frente com 19%, seguido por Marina Silva (15%) e Ciro Gomes (11%). Alckmin tem o pior desempenho do PSDB em 30 anos: 7%. Mas os eleitores que dizem não ter candidatos ganham de todos eles: 34%.

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Lula e Marisa nos tempos da barra pesada. Imagem arquivo pessoal. Mesmo preso, Lula continua na frente.

 

            O quadro eleitoral é dramático. Com o político mais popular do país atrás das grades, há uma barafunda geral e todos os prováveis competidores estão abaixo dos 20% de intenções de voto que lhes dariam alguma segurança. Pior: o número de eleitores que dizem não ter nenhum candidato chega a 34%. A recente pesquisa do Datafolha mostra que o eleitor está, além de perplexo, revoltado. É um cenário preocupante e perigoso.

                                   Só para esclarecer: na semana passada, tivemos eleições para governador em Tocantins, porque governador e vice foram cassados pela Justiça Eleitora. Abuso de poder econômico. Veja bem, leitor: 49% dos eleitores registrados não compareceram às urnas – ou votaram nulo ou em branco. Um desastre. Por pouco (2%) o pleito teria sido anulado. Os observadores da cena política brasileira esperam para este ano uma abstenção recorde na votação para presidente. Isto amplifica a confusão. E pode beneficiar aproveitadores de ocasião.

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O PSDB, destruído por denúncias ,abre caminho para os radicais. Foto portal IstoÉ.

                                   O tabuleiro eleitoral é tão perigoso, que podemos eleger Jair Messias Bolsonaro. É um militar da linha dura, com vários episódios de homofobia, que acredita mais em repressão do que em desenvolvimento. Chegou a dizer que bombardearia a Rocinha com helicópteros e foguetes. Ou pode ser Marina Silva, evangélica fundamentalista, contrária ao aborto, à pesquisa com células tronco embrionárias e coisas do gênero. Usa os cabelos puxados para trás e saias até os pés. Segue orientação do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus. Ela já trocou de partido quatro vezes nos últimos tempos. Ninguém sabe o que pensa.

                                   E Ciro Gomes? É um socialista. Tem fortes compromissos sociais. Seria uma opção de união das esquerdas. Mas, historicamente, a esquerda brasileira se revelou incapaz de agendas comuns. É dividida por dogmas e pouca inteligência política. A pesquisa do Datafolha indica, inclusive, que Lula poderia transferia grande capital eleitoral para um candidato de união. Mas Lula e PT insistem em uma candidatura suicida. Dessa cartola não sai nenhum coelho. Nunca saiu.

                                               Falta analisar a campanha do PSDB. Os tucanos preferiram ficar no desgoverno Temer. Bombardeados por denúncias de corrupção, que destruíram Aécio Neves, insistiram em se associar ao MDB, em troca de tempo de televisão na campanha eleitoral. Na verdade, se juntaram a um grupo político que a justiça classificou como organização criminosa. A pesquisa Datafolha informa que Michel Temer é o presidente pior avaliado na história da República. Pior do que Jânio Quadros, que renunciou em 1961. Por que gente tão ilustrada quanto Fernando Henrique Cardoso se reuniu ao bando do Planalto, erguido por um golpe parlamentar movido pelo “centrão”?

                                   Parece que o PSDB e seus aliados, o PPS e o DEM, acreditaram que a destruição do PT, por si só, garantiria a vitória eleitoral. Ledo engano. O povo tomou ódio e nojo dos políticos, incluindo esses da socialdemocracia, que ninguém sabe o que significa. O candidato oficial do PSDB ao pleito de outubro é só um tucano a mais. Não fala a língua rude do povo. Não tem projetos populares. Geraldo  Alckmin amarga a pior avaliação de seu partido.                                

                                   Resta imaginar que o leitor compareça às urnas. Única forma de mudar tudo  isso sem mais violência.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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