
Você está preparado para Jair Bolsonaro? Ele pode ganhar. Imagem TV Câmara.
A elite empresarial brasileira, através de suas entidades de classe, flerta com Jair Bolsonaro. Recentemente, a CNI promoveu um encontro de 2 mil representantes das maiores empresas do país para discutir as eleições. Ciro Gomes foi vaiado ao dizer que a reforma trabalhista, contra o interesse dos trabalhadores, precisava ser revista. O militar da reserva, mesmo recebido com desconfiança, chegou a ser aplaudido. A coisa é simples: o poder econômico apoiou e organizou o golpe parlamentar que derrubou Dilma Rousseff, em 2016, e colocou Lula na cadeia.
Como não há candidatos de centro em condições de vencer no voto, de modo a garantir as reformas feitas por Temer para favorecer a elite econômica nas cidades e no campo, querem saber se Bolsonaro será obediente o bastante para continuar o processo. É aí que mora o perigo.
Historicamente, os militares da linha dura são ultranacionalistas (inclusive antiamericanos) e acreditam no capitalismo monopolista de Estado. Preferem uma política econômica autoritária e fortemente regulada pelos mecanismos da burocracia estatal. Uma burocracia pontilhada por elementos da caserna. Tudo isso junto, na prática, pode ser pior do que o modelo de desenvolvimento (com distribuição de renda e mobilidade social) conduzido por Lula. O ideal para o empresariado serias reeditar os governos FHC. Mas isso é impossível, inclusive porque o PSDB foi implodido pela Lava Jato e pelas divisões internas.
O golpe de 2016 acabou por desmoralizar o centro, avassaladoramente envolvido na corrupção. A bandalheira foi tamanha, que praticamente não sobrou ninguém. Em dois anos de Temer e companhia, o país regrediu duas décadas. Ou mais. As reformas foram feitas exclusivamente a favor dos poderosos. E isso terá um alto impacto eleitoral. As pesquisas mostram Lula disparado na frente, mesmo preso, numa demonstração de que os governos dele ficaram no inconsciente popular. Os erros e os crimes cometidos pelo PT não abalaram a imagem do ex-presidente. Só que Lula – ao que tudo indica – é uma carta fora do baralho.
A pesquisa informal de opinião feita pela TV Globo (que Brasil você quer?) revela profundo sentimento anticorrupção entre os brasileiros. Destaca o anseio por emprego, saúde, educação e segurança. O que os políticos de centro têm a oferecer? Nada! Temer mostrou que o tal do centro está contra o interesse dos trabalhadores e a favor dos ricos. As alternativas colocadas: Bolsonaro, Marina Silva e Ciro Gomes, nessa ordem.
Portanto, o militar da reserva, que promete um governo de generais, pode ser a escolha do grande capital. Nenhuma surpresa!
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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