
O general Augusto Heleno.
Augusto Heleno Ribeiro Pereira é casado e pai de dois filhos. Nasceu em Curitiba, na primavera de 1947, quando a capital paranaense era apenas uma cidadezinha do interior. Militar de carreira, hoje general de quatro estrelas da reserva do Exercito, é uma unanimidade entre os oficiais graduados das Forças Armadas. Heleno é tido como um intelectual em uniforme, de larga cultura e atenção para ciência e tecnologia. Os companheiros dele na caserna acreditam que teria equilíbrio suficiente para moderar um eventual radicalismo de extrema-direita no governo.
Anticomunista ferrenho – e contra tudo que lembre esquerdismo -, o general Heleno, no entanto, posicionou-se contra a comunidade internacional que havia abandado o Haiti à própria sorte. Criticou o governo americano, que prometeu dólares e soldados e não cumpriu. Apontou o dedo contra a ONU, que também não levava a cabo os seus compromissos. E – depois – veio o terremoto que destruiu o país centro-americano.
Como Comandante Militar da Amazônia, defendeu posições polêmicas, ora a favor de políticas indigenistas, ora a favor da colonização branca. Augusto Heleno não foi citado na Comissão Nacional da Verdade, até onde consigo me lembrar. Mas assinou um manifesto de generais contra a comissão, organizado pelo Clube Militar do Rio de Janeiro, um antro de conspirações na história recente do país. Além do mais, apesar dos 21 anos de ditadura, não recordo de violações dos direitos humanos que possam ser atribuídas ao general Heleno.
Tais circunstâncias talvez o qualifiquem para disputar uma candidatura presidencial de extrema-direita. Emprestando a ela uma versão moderada, quando o candidato principal, Bolsonaro, diz que o maior erro da ditadura foi torturar e não matar os adversários. O mais impressionante é que a direita tenha um projeto tão complexo e a esquerda patine na própria incompetência. Entre os militares, desenha-se um cenário curioso: Bolsonaro vence, mas Heleno governa.
E a esquerda? Não sabe o que fazer. Não tem um projeto conjunto. Pode ser derrotada.
Nota: Nesta quarta-feira o general Augusto Heleno anunciou que não será candidato a vice na chapa de Bolsonaro. O partido do general, o PRP, não aprovou a coligação, Heleno, porém, afirmou à Folha de S. Paulo que vai trabalhar para a candidatura de Bolsonaro e participar da elaboração de um programa de governo.
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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