
As tropas e o equívoco da intervenção no Rio.
É mesmo um fracasso retumbante. O narcotráfico no Rio de Janeiro, concentrado em favelas das zonas norte e oeste da capital, sequer foi arranhado. Houve mais de 300 operações conjuntas das Forças Armadas e das polícias. Mas os resultados, em termos de prisões e apreensões, ficam muito abaixo do esperado. Não se pode dizer que houve uma redução geral dos índices de criminalidade. Além do mais, há vazamentos de informações e cooperação entre bandidos e a velha polícia. Os militares, convocados por Michel Temer, não desejavam se envolver em operações de combate. Preferiam ficar na retaguarda, dando apoio logístico às polícias estaduais. Os interventores estavam mais dispostos a fazer reformas administrativas no aparato de segurança do que em apertar o gatilho. Até agora, a verba de 1,2 bilhão de reais liberada pelo Planalto não teve destinação.
E os militares estavam certos na opção. O governo Temer decretou a intervenção como uma forma de se livrar da prometida reforma da previdência. Uma reforma prometida ao empresariado e ao grande capital, coisa altamente impopular, que teria desastrosas consequências eleitorais. Com a intervenção, ficava constitucionalmente impossível realizar reformas constitucionais. Mesmo com um Congresso acadelado, Temer seria derrotado. Deputados e senadores precisam da reeleição para manter o foro privilegiado. Desta forma, a intervenção federal militar no Rio atendia a interesses políticos e não aos públicos.
De um modo geral, a alta oficialidade das Forças Armadas detesta o governo Temer, assim como detestava os governos petistas. Talvez ainda mais. Considera todos um bando de ladrões e oportunistas. Aceitou a convocação de um pedido de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que é uma missão constitucional. Mas não estava nem um pouco disposta a derramar sangue por tal causa perdida. E já se manifestou no sentido que não aceitar a prorrogação da intervenção federal no Rio, que termina em dezembro deste ano.
Os militares preferem esperar o resultado das eleições de outubro. Um governo eleito pelo voto popular terá mais condições de definir o rumo das coisas.
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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