Massacre em Suzano é comemorado na dark web. Assassinos tinham “aconse-lhamento” virtual. A tragédia chega a ser tratada pelas autoridades como “terrorismo interno”.

 

massacre em suzano 01

um dos criminosos mostra a arma.

A pacata cidade de Suzano, na região metropolitana de São Paulo, com pouco mais de 140 mil habitantes, foi sacudida na última quinta-feira (13 mar) por uma tragédia tão inesperada quanto incompreensível. Dois jovens de 17 e 25 anos invadiram a melhor escola pública do município, referência em toda a região, e mataram duas funcionárias, cinco alunos e se suicidaram em seguida. Antes do ataque, os atiradores mataram o tio de um deles, um comerciante local, por vingança. Ao todo, 10 mortes.
O massacre foi (e ainda é) comemorado na chamada “dark web”, a face clandestina da Internet, onde se reúnem sites e fóruns radicais de incitação ao ódio e à violência. Nesse território sombrio do mundo digital circulam criminosos de todo tipo: traficantes de drogas e armas, terroristas internacionais, militantes de grupos xenófobos e racistas, incluindo neonazistas e toda a ultradireita radical. Serviços de inteligência de todo o mundo, inclusive os nacionais, tentam deter, sem sucesso, essa atividade clandestina de extrema periculosidade.
Pouco antes do ataque em Suzano, um dos assassinos agra-decia a seu mentor digital, identificado como DPR, toda sorte de aconselhamentos que havia recebido. A informação, obtida em um computador apreendido, fez com que a polícia paulista, a PF e a Abin construíssem a hipótese de “terrorismo interno”. E não é sem motivo. Durante os preparativos dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, a NSA (Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos) e o FBI entregaram ao governo brasileiro a existência de um grupo de pessoas ligadas ao Estado Islâmico.
Eram 7 indivíduos, identificados pela Web, que pretendiam realizar atentados durante as Olimpíadas. Todos foram presos e condenados pela novíssima lei antiterror aprovada às pressas pelo governo Dilma. Eles haviam declarado fidelidade ao grupo islâmico sunita, o ISIS, ou Daesh, através da Internet. Inclusive adotaram codinomes árabes. Um deles foi morto na prisão, supostamente por presos comuns ligados a facções criminosas brasileiras. Meses depois, outro grupo de mais 4 simpatizantes do terror islâmico foi preso. Todos os contatos eram feitos via Web. Agora, Suzano.
Infelizmente, não dá para descartar o envolvimento do mundo virtual nesse tipo de tragédia. Os Estados Unidos são o país que coleciona o maior número de ataques mortais em escolas e universidades. O Departamento de Ciências do Comportamento do FBI traçou o perfil psicológico dos autores desse tipo de crime. São jovens com histórico de abandono parental, vítimas de abusos na infância, com síndrome de rejeição e ódio acumulado durante a juventude.
Tudo muito parecido com os ataques em Suzano.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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2 respostas para Massacre em Suzano é comemorado na dark web. Assassinos tinham “aconse-lhamento” virtual. A tragédia chega a ser tratada pelas autoridades como “terrorismo interno”.

  1. Roberto disse:

    Carlos, gosto do seu blog, mas esse post tem duas imprecisões importantes. Primeiro chamar Suzano de ‘pacata’, longe disso. Tenho parentes lá e posso te afirmar que essa não é uma definição correta para a cidade. Segundo dizer que a deep web é clandestina, quando na verdade apenas não é indexada aos buscadores mais populares. Por óbvio há ilegalidades e crimes; que mais obviamente ainda devem ser combatidos, mas também há pessoas que somente não querem que suas páginas sejam encontradas facilmente, como pesquisadores, entusiastas, etc.

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