Bolsonaro na Casa Branca: presidente não descarta a participação do Brasil numa eventual intervenção militar americana na Venezuela.

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Encontro histórico. Imagem de divulgação.

                                    O encontro de Jair Bolsonaro com Donald Trump, na sede do governo americano, foi um dos mais calorosos jamais vistos em Washington. Os dois se trataram como amigos de longa data e a mídia da mais poderosa nação do mundo disse que Bolsonaro é “o Trump dos trópicos”, informação cheia de ironia e que guarda alguma parecência com os “tristes trópicos” de Claude Lévi-Straus. Bolsonaro chegou a dar um pitaco em assuntos internos dos Estados Unidos, ao declarar que Trump, com certeza, será reeleito no ano que vem. Algo inimaginável para a tradicional diplomacia brasileira, que sempre defendeu a autodeterminação dos povos.

                                   E por falar nisso, a questão venezuelana foi um destaque do encontro. Na entrevista coletiva no jardim das rosas, do lado de fora da residência oficial do mandatário americano, uma repórter da rede de notícias Bloomberg perguntou se o Brasil participaria de uma intervenção militar dos EUA no país vizinho. O capitão deu resposta enigmática: “não posso responder, por se tratar de questão estratégica”. Isto quer dizer: estratégia não se discute em público. Ou seja: não descartou a possibilidade, contrariando vários depoimentos de outros membros do governo.

                                   O alto escalão das Forças Armadas brasileiras tem fortes inclinações nacionalistas e não gosta de fazer concessões aos americanos. Já recusou várias solicitações dos gringos, como a de enviar 25 mil homens ao Vietnã, em 1965. O general-presidente da época, Humberto de Alencar Castelo Branco, foi bastante deselegante com o então embaixador americano. No ano seguinte, porém, participou da força de intervenção na República Dominicana, quando os EUA lideraram a derrubada do presidente de esquerda eleito anos antes, Juan Bosch. No dia 28 de abril de 1965, a 82ª Divisão Aerotransportada americana invadiu Santo Domingo, a capital. Foi a chamada “Operação Power Pack”. O ataque foi apoiado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) – e o Brasil aderiu. Depois disso, o nosso país comandou a força de intervenção no Haiti, onde assumiu o comando das operações militares, a pedido da ONU. E também teve ações na África e – atualmente – no Oriente Médio.

                                   Uma intervenção na Venezuela, certamente, não será nenhum passeio. O exército comandado por Maduro tem apenas 123 mil homens. Mas, se somarmos a Guarda Nacional Bolivariana e as milícias populares, o número sobe para meio milhão de homens em armas. Mesmo em um cenário de guerra civil, trata-se de uma aventura de consequências incalculáveis.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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