
Paulo Guedes, um ministro sem ministério. . Imagem do portal O Globo.
O Banco Mundial anunciou que o PIB do Brasil, a soma de todos os produtos e serviços do país, deve cair 5% este ano. Se isto for verdade, será o pior resultado em muitas décadas, com consequências nefastas para o consumo, a indústria e o comércio. A maior vítima da depressão econômica será o emprego e a atividade informal, que pode levar a falta de trabalho e rende para milhões de pessoas. Uma tragédia social raramente vista no pós-guerra.
Os economistas dizem que o desemprego atual atinge 11,5 milhões de brasileiros A atividade econômica informal ameaçada pela pandemia soma outros 20 milhões. Isto forma cenário ideal para um desastre social de grandes proporções. Sem falar em outros 13 milhões de paisanos que passam fome no Patropi. É o caldeirão do Diabo. Enquanto isso, o ministro Paulo Guedes faz discursos para empresários por videoconferência, tentando convencê-los de que é preciso voltar todos ao trabalho. Disse que se a situação não se normalizar até junho, o dano será um PIB de 4% no vermelho.
Guedes não se reúne com sindicatos nem organizações da sociedade, tipo OAB ou CNBB. Talvez, na opinião do ministro, sejam todos oposicionistas. Pior: talvez sejam entidades infiltradas pelos comunistas e inimigos da democracia. A mídia, então, nem se fala. O núcleo duro do governo, o segmento mais ideológico, imagina que a família Marinho, proprietária do Grupo Globo, não passa de subversivos. O Doutor Roberto deve dar cambalhotas no túmulo. Nas redes sociais esse pessoal chama Willian Bonner de comunista. Pobre Bonner, nunca viu nem a lombada de O Capital.
Mas o fato é esse: o governo usa um arsenal de bobagens para escamotear a realidade. Guedes chegou a dizer: “quando estávamos decolando, fomos atropelados pela crise mundial”. No entanto, a previsão oficial do PIB no segundo ano de governo era de 0,02%. Além do mais, o presidente infantil do Brasil brinca com a pandemia e é mundialmente execrado. Todo o prestígio global conquistado por FHC e Lula foi jogado no lixo. E com o respeito vieram equidistância diplomática e facilidades comerciais. Agora agredimos a China, o maior parceiro comercial do país, responsável pelo superávit da balança externa. Só para agradar o paspalho do Norte, Donald Trump, que caga solenemente para os interesses brasileiros.
Já sabíamos que o bolsonarismo representava um nacionalista baseado no fundamentalismo evangélico, com toda sorte de besteiras, inclusive a recusa em dar vacinas para as crianças (porque só a fé salva) e a abstinência sexual para os jovens (porque sexo é para a reprodução após o casamento). Trata-se de um recuo cultural para o século 17, no mínimo. De outra parte, o movimento de ultradireita preconizava o alinhamento automático com os EUA na luta contra o comunismo. Qual?
Antes se dizia que o Brasil era uma ilha de paz e bem-aventurança em um mar de conflitos. Agora somos uma ilha à deriva em um mar de coronavírus. Temos mais de mil mortos e algo próximo de 20 mil contaminados. Mas os especialistas garantem que pode ser apenas 10% dos números reais. E agora o ministro Paulo Guedes quer queimar as reservas cambiais do país para pagar a dívida internam, favorecendo os bancos privados, com um suposto investimento no combate ao Covid 19.
Acredite quem quiser!
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.