A tubaína e o novo milagre brasileiro.

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A construção da Transamazônica. Imagem do Portal R7.

                        A performance pública do presidente Jair Messias Bolsonaro arrepia o mundo civilizado. Já foi considerado o maior inimigo do combate à pandemia, entre todas as Nações. Aqui ele faz piadas sobre a mortandade, diz que “a direita toma cloroquina, e a esquerda… toma tubaína”. Na verdade, nos acampamentos bolsonaristas, as pessoas tomam até remédio contra piolhos. Já vimos isso nos Estados Unidos, quando Donald Trump, o Bolsonaro do Norte, mandou tomar detergente e houve um elevado índice de intoxicação no estado de Nova York.

                        A tubaína, além de um refrigerante muito popular no interior, era o apelido de um método de interrogatório durante a ditadura, quando uma mangueira era enfiada pela boca do preso e provocava afogamento. “A direita toma cloroquina e a esquerda… toma tubaína”, disse o presidente entre gargalhadas. (Não custa repetir.) Não é a primeira vez que ele elogia a tortura. Coisas como essa correm o mundo, saem na primeira página dos jornais. Bolsonaro é o chefe de Estado mais citado do mundo, por motivos negativos. Agora colocou o Exército Brasileiro no vergonhoso papel de polícia contra ambientalistas – e até contra o Ibama – favorecendo grileiros, madeireiros e garimpeiros clandestinos.

                        Em todo o planeta, com a quarentena, diminuiu a emissão de carbono, o principal poluente. Menos no Brasil, por causa de um aumento de 51% nas queimadas e desmatamentos em áreas de proteção ambiental. Lá em 1969, o general-presidente Arthur da Costa e Silva tinha afirmado que a Amazônia seria “domada” pelas patas do gado. O sonho do regime militar de um Brasil Grande incluía rasgar a floresta com enormes rodovias, como a Transamazônica e a Perimetral Norte, pontos de partida para um projeto de assentamento de sitiantes e fazendeiros. Foram distribuídos dezenas de milhares de títulos de terra. Depois os pequenos proprietários foram engolidos, às vezes a bala, por grandes latifundiários associados aos bancos. Até o asfalto da minha rua sabe que a emenda saiu pior que o soneto.

                        Agora, décadas depois, o projeto ganha novo fôlego com a autocracia do capitão Messias. Um Messias que já sabemos, de voz própria, que não faz milagres.                  

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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