Pedro e o Lobo é uma história infantil, baseada em conto popular, contada através da música. Foi composta por Serge Prokofiev em 1936, com o objetivo pedagógico de mostrar às crianças as sonoridades dos diversos instrumentos. Cada personagem da história (o Pedro, o lobo, o avô, o passarinho, o pato, o gato e os caçadores) é representado por um instrumento diferente. Mas a fábula também tem significado objetivo, a respeito da verdade, da mentira e suas consequências. Pedro é um garoto, pastor de ovelhas. Quando se sentia muito entediado, costumava gritar: “Olha o lobo!”. Os camponeses se armavam com pás, enxadas e picaretas. Mas não tinha lobo nenhum. E Pedro ria.
Um dia, o lobo apareceu, mas ninguém acreditava mais na ameaça. E Pedro foi gravemente ameaçado pelo predador.
Jair Bolsonaro faz o mesmo. Toda vez em que é contrariado em sua brincadeira de governo, ameaça com o golpe militar, o fechamento do Congresso e do STF. Costuma dizer: “Já basta!” e “Chega, porra!”, como se os militares fossem sair imediatamente à ruas para proteger o governo e garantir a impunidade de seus filhos, acusados de inúmeros mau-feitos, de corrupção pura e simples (a rachadinha) ou de fake news e fraude eleitoral. Mas não acontece nada. A caserna continua em silêncio. A esteira dos blindados não rola sobe o país.
O Congresso Nacional decreta luto oficial no país pelos mortos da Covid-19 à revelia do presidente. O Judiciário quebra o sigilo bancário e fiscal de 11 parlamentares, incluindo um senador, envolvidos com o governo, e mete na cadeia extremistas bolsonaristas. E o lobo não aparece. A grande mídia desanca o presidente e o governo. E nada acontece. A oposição pede a prisão do Ministro da (des)Educação e fica por isso mesmo, sendo que no STF há uma forte inclinação para mandar às barras o Sr. Weintraub, que chamou os ministros da Suprema Corte de “vagabundos”. E o lobo continua dormindo.
É bom lembrar que o lobo quase come o Pedro na fábula. E que ele não teve nenhuma ajuda. Quem garante que um golpe militar manteria o capitão no poder?
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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